Por
Ediane Tiago — De São Paulo
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18/06/2021
05h01 Atualizado há 4 horas
Na
Cristália, o direcionamento estratégico é a inovação. A meta da empresa é criar
medicamentos biológicos e aproveitar o potencial da biodiversidade brasileira.
Como estratégia, construiu uma planta de biotecnologia com todas as etapas de
produção - do banco de células à embalagem do medicamento. “Buscamos autonomia
produtiva, com insumos fabricados no país”, diz Ogari Pacheco, cofundador da
empresa. Para ele, dominar a rota tecnológica é o caminho correto para agregar
valor à produção. “Embalar remédio não é trabalhar com biotecnologia. A maior
parte do mercado é totalmente dependente de importações”, observa.
O
laboratório aposta no processamento de bactérias e células animais. Desses
bancos biológicos, os pesquisadores tiram produtos como a somatropina -
hormônio do crescimento humano (rhGH) indicado para síndromes genéticas e no
tratamento de adultos com deficiência de rhGH ou crianças com baixa estatura.
“Nós conseguimos, pela tecnologia de DNA recombinante, descobrir e isolar a
molécula. Então nós inserimos o material genético em uma bactéria capaz de
produzir o hormônio”, diz Pacheco, ressaltando que a técnica é 100% brasileira
e foi atestada como bioequivalente ao padrão ouro mundial.
A
produção de 776 mil frascos mensais, segundo Pacheco, poderia atender a
necessidade de toda população brasileira.
Outro
projeto de destaque é a enzima colagenase, utilizada no tratamento de feridas.
Por muito tempo, o Brasil dependeu de importações da substância. Para criar a
enzima nacional, a Cristália explorou recursos da biodiversidade. Pacheco
explica que a colagenese é produzida por uma bactéria chamada Clostridium
Histolyticum, que basicamente se alimenta de colágeno e está presente em
componentes de origem animal.
Para
reduzir riscos contaminantes de fontes de origem animal, o laboratório investiu
na criação de uma bactéria vegana. Os cientistas descobriram e coletaram em
Espírito Santo do Pinhal (SP), uma cepa diferente de Clostridium. “Ensinamos
essa bactéria a produzir colágeno por meio de cultura vegetal e criamos a
colagenase animal-free”, diz Pacheco. A inovação, que está patenteada, elimina
riscos associados à enzima. “Na Europa, houve problemas com contaminação de
agentes biológicos pelo mal da vaca louca. Buscamos uma rota alternativa e
inovadora.”